Agora que o X Troféus Central Comics terminou, encerrando a 1ª década destes prémios de BD e Cartoon onde os vencedores são definidos pelo grande público, venho anunciar o meu afastamento - para já - da organização do evento (onde participava na elaboração de docs imprensa, gestão da selecção de nomeados e outros aspectos logísticos) e - eventualmente - como membro do júri (colaborando na selecção de nomeados e adjudicação do resultado da votação pública). A manutenção desta última função dependerá de disponibilidade para tal aquando do XI TCC, no 1º semestre/2013, mas é quase certo não ir ter essa vacuidade, agora que, após quase 5 anos afastado de criar BDs a sério, pretendo voltar a produzir.
Não obstante as eventuais ambições artísticas, os motivos da
decisão são simples: sem tempo para manter em dia a leitura de edições
nacionais pouca capacidade vou ter para continuar a nomear candidatos com o
devido conhecimento de causa e, hipoteticamente, podendo constar entre
autores e obras elegíveis em prémios futuros, caso edite algo por cá,
igualmente não me poderia pronunciar nessas categorias ou estar sequer nomeado, de acordo com o regulamento do TCC (“1.8. (...) Os elementos do júri
não podem ser eleitos nos prémios de título pessoal (...), sendo proibidos
ainda de participar no processo de selecção dos nomeados se intervirem
criativamente em obras elegíveis nas categorias (...)).
Assim, a atitude
correcta é retirar-me do evento, até para não fomentar comentários que tentem
pôr em causa a idoneidade (impecável) do TCC – ou a minha – agora que ele
caminha para a maturidade e maior projecção mediática, associado ao evento de
entretenimento Portusaki.
A nível pessoal,
tendo acompanhado o Troféus Central Comics desde o começo, não poucas vezes
salvaguardado para que ele não desaparecesse e durante anos facilitando o seu
funcionamento, ao reunir exaustivamente a lista de edições portuguesas no qual
ele se baseava (algo que deixei de acautelar, entretanto), é com algum pesar que
fecho este capítulo; posso não ser o pai
do evento, mas serei certamente o seu tio... E há que salientar que o TCC tem
sido, desde o início, realizado de modo independente e financiado
exclusivamente a nível privado, criado por uma entusiasta carolice mas
promovido com intentos sérios, pelo que manter-se no activo há já 10 anos e, no
processo, atingindo uma abrangente participação pelo público leitor, é decerto um feito valoroso e inédito no nosso periclitante mercado, e também estimulador de uma até então fragmentada comunidade de BD.
Apesar de alguns
dissabores ao longo dos anos, tendo de lidar com actos mesquinhos por
individuos mal-ajustados (porque há sempre dois lados de se encetar iniciativas
destas), o gosto pela edificação do TCC, pela sua mensagem de incentivo à
criação e a celebração da BD que este simboliza fez superar tudo isso. O que fica
são os conhecimentos travados e desafios ultrapassados, as oportunidades de
homenagear tantos colegas e ídolos que o mereciam, e as imensas mensagens de
apreço que continuamos a receber dos leitores e pares.
Porém, acho que
10 anos(!) é o suficiente para intervir num projecto desta natureza, ademais
não sendo o seu principal promotor ou beneficiário. E venho a sentir que continuar a fazê-lo tornar-se-á incompativel com o que quero procurar
a nível profissional; não o digo só face a ter a disponibilidade necessária –
que é relevante – mas também sobre me querer prestar criativamente num sector enquanto
simultaneamente estivesse a agir nele num âmbito premiador.
Posto isto, renovado o regulamento e categorias do TCC, e
estando tratada a nova iniciativa TCC-HD
(Troféus Central Comics: Heróis da Década) – que posso dizer ter sido
proposta minha – o meu papel nos prémios chega ao fim, certo de que os actuais
jurados vão manter o evento em boas mãos, sem risco de desvirtuamento.
Resta desejar que continue a ganhar o melhor – ou pelo menos o
preferido da maioria dos leitores – e que o TCC persevere por muitos anos.
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