16 julho 2013

Troféus Central Comics: Heróis da Década

...E finalizando a temporada do TCC, revelo os vencedores deste prémio extra – que foi o meu último input nestes eventos – que visa celebrar todos os passados vencedores em dez anos de troféus, como que passando em revista o que de melhor se publicou e premiou (pelo excrutinio do público leitor) pelo CentralComics.com, simultaneamente documentando dez anos do mercado de BD português.

A votação decorreu de 21 Dezembro 2012 a 31 de Março 2013 e incluiu os eleitos no I TCC/2001 (de início indicava-se o ano a que os nomeados correspondiam, ao invés do ano em que o troféu era realizado, em 2002) ao X TCC/2012; não esquecer que houve um ano de intervalo, em que não realizaram o evento.
Saliento ainda que o Hugo Jesus, apesar de constar na lista de Melhor Argumentista, não integrou a votação devido ao novo regulamento do TCC, por integrar o grupo de jurados.

Aqui fica o link para as estatísticas completas e doc. de imprensa da organização:

A obra nacional comercialmente mais bem-sucedida dos últimos anos, várias vezes distinguida por cá e rapidamente difundida lá fora – As Incríveis Aventuras de Dog Mendonça & PizzaBoy vol.1, de Filipe Melo e Juan Cava, lançada em 2010 pela Tinta-da-China, foi eleita como Melhor Publicação Nacional da Década.
Criados pelo realizador/músico Filipe Melo e produtora Pato Profissional, a dupla Dog Mendonça e PizzaBoy atacou o mercado em força e alcançou as margens americanas, onde integra a Dark Horse Comics, numa inédita transição de obra portuguesa para aquela indústria. Concebida como aventura hollywoodesca, com acenos ao Horror e humor à mistura, a B.D. cativou o público, como comprova as sucessivas reedições e, agora, este novo prémio.

Pela Devir Edições chega a obra indicada para Melhor Publicação Estrangeira da Década; trata-se da multi-premiada e seminal origem do Homem-Morcego, narrada por Frank Miller e David Mazzucchelli – Batman: Ano Um. O volume em causa foi editado em 2001, durante os esforços iniciais da Devir em passar dos quiosques para escaparates de livrarias, pelo que é, curiosamente, a primeira edição de material estrangeiro premiado pelo TCC, agora aclamada pela importância que teve em validar a existência de super-heróis nos espaços antes mais dedicado às publicações francófonas.

Chegado à comunidade em 2005, o fanzine Venham +5, da Bedeteca de Beja, coordenado pelo director Paulo Monteiro, é dos vencedores mais frequentes no TCC e recebe o troféu de Melhor Publicação Independente da Década por ser a mais conseguida antologia de B.D. em memória recente. Embora haja outros merecedores, nenhum candidato iguala o Venham +5 em distinções, qualidade de edição e optação de conteúdo, ou mesmo em projecção, realizando tiragens de volume e com distribuição que abrange a maioria do país (e arredores).
Nas eclécticas páginas desta antologia já passaram centenas de autores, tanto nacionais como doutros cantos do mundo, e continuam a ser ali apresentados ilustres desconhecidos que vêem a reforçar as trincheiras portuguesas da B.D. Salienta-se ainda o feito, inédito até à data, de ter realizado a mais extensa edição colectiva da história de B.D. nacional: o vol.5 (2007), que totalizou 225 páginas!

Outro nome incontornável da nossa B.D. (hoje em dia aposentado dos quadradinhos), o troféu Melhor Argumentista Nacional da Década foi entregue a José Carlos Fernandes, pelo extraordinário trabalho feito na série A Pior Banda do Mundo, decorrida entre 2001 e 2009.
O autor, que começou tarde nas lides da arte sequencial, editando fanzines e pequenos livros, depressa granjeou reconhecimento na área e escalou os pícaros do mercado até à sua consagração, comercial e crítica, aquando da estreia desta colecção pela Devir Edições, sob aposta por José de Freitas. Trata-se de um prémio merecido, pelo percurso pessoal do autor e pela marca indelével que deixou na passada década como um dos nossos embaixadores, tendo transposto as suas criações para mercados europeus.

Por último, outro nome sinónimo de orgulho lusitano, o ilustrador Filipe Andrade foi distinguido como Melhor Artista da Década, tendo-se se popularizado em anos recentes por uma afortunada entrada na indústria de comics e trabalho na editora Marvel. Em Portugal, o Filipe afirmou-se via a série de aventura BRK, escrita por Filipe Pina, inicialmente seriada no BDjornal mas depois compilada e concluída pela Asa Edições, cuja edição foi distinguida no TCC em 2010.
Embora a conclusão da série tarde, o Filipe continua a desenvolver bons trabalhos de fulgor autoral e do agrado dos gostos mainstream no mercado americano, encabeçando a onda de artistas nacionais que para ali transitam, demonstrando aptidão também na digitalart.

Este é um caso em que se pode de facto dizer que todos são vencedores, pelo que o Central Comics dá parabéns aos autores e editores que ao longo destes dez anos contribuíram e elevaram a comunidade de B.D. portuguesa e respectivo mercado. Que os próximos dez anos sejam tanto ou ainda mais inspirados, repletos de obras com êxito, que os leitores e fãs possam apoiar e apreciar.


Nota pessoal: Fico feliz pelo resultado final, pois embora seja sempre injusto certos autores e obras ficarem “sem cadeira”, penso que os distinguidos são vencedores devidos – desde já, parabéns aos eleitos e nomeados!:)

Fico também satisfeito por ter acabado numa posição nada desconfortável, em 3º lugar como Melhor Artista da Década (2001-2012) e 3º da lista Melhor Publicação Independente da Década (2001-2012), com a série All-Girlz. Quem me conhece sabe que dou pouca importância a prémios, ainda para mais se sentir que podia ter feito mais ou melhor para os merecer (como é o caso), mas é bom sentir apoio no nossos esforços. Obrigado a quem votou em mim e no All-Girlz, e parabéns às colaboradoras deste projecto.


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